terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Sida, a luta continua

Infecções na Europa do Leste e Ásia Central aumentaram 50% desde 2004, enquanto Portugal foi o país da União Europeia como mais novos casos entre os consumidores de droga injectada.

O vírus da imunodeficiência humana (VIH) foi descoberto em 1981. Desde então, cerca de 60 milhões de pessoas foram infectadas e 25 milhões morreram em todo o mundo. Durante o ano passado, registaram-se cerca de 2,5 milhões de novas infecções, 68% das quais na África subsariana. A Europa do Leste e a Ásia Central também tiveram importantes subidas: as taxas de infecção terão aumentado em mais de 50% desde 2004. Relativamente a 2006 (ano a que se refere o último relatório de Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência, recentemente publicado), e “apesar da tendência decrescente”, Portugal foi o país da União Europeia que mais contribuiu para o total de novos casos de infecção como VIH/Sida entre os consumidores de droga injectada (703 novos casos).
Estes são os números, mas uma pergunta continua sem resposta: como e quando “nasceu” e começou a propagar-se o vírus da sida? Um africano morto em 1959 é considerado pelos cientistas o primeiro doente “de facto” de sida. E a ideia de que o vírus se transmitiu dos macacos ao homem poderá ter de ser recompensada. A equipa do cientista britânico Michael Worobey provou em 2004 que o vírus dos símios é geneticamente muito diferente do tipo dominante humano, o VHI-1. Tal diferença é tida como um golpe na hipótese que sugeria que o vírus teria sido acidentalmente transmitido às populações durante as campanhas de vacinação contra a poliomielite em África – principalmente no Congo, entre 1957 e 1960 – na medida em que a vacina teria sido preparada com tecidos de chimpanzé. Antes, numa chimpanzé que fora usada em experiências na Base Holloman, da Força Aérea norte-americana, e cujos restos mortais foram conservados, foi encontrada uma variante do vírus tão semelhante à do VIH que se tornou óbvio que entre o vírus dos símios e o dos humanos teria de haver um antecessor comum.
É uma espécie de jogo do gato e do rato: o VIH é cada vez mais tido pelos cientistas com uma árvore com muitas ramificações. Há o VHI-1, predominante, e o VIH-2, mais raro e menos contagiosos. Mas o VIH-1 já se divide em três grupos – M, N e O, sendo que o grupo M já se subdivide em vários subtipos. Michael Worobey referiu ao jornal espanhol El País ser óbvio que estudos entretanto feitos provam que já em 1960 o vírus tinha décadas de ovulação nos humanos. Não será impossível supor, na opinião daquele cientista, que o vírus já matava humanos no princípio do século XX… Além do problema social que representa, os custos económicos da sida constituem uma grave ameaça para o crescimento e estabilidade, principalmente nos países com fracos recursos, onde a doença continua a matar pessoas no auge das suas vidas. Acresce que apenas 10% da população mundial infectada têm acesso a assistência - e é nos países mais pobres que se concentra 90%da população afectada. Até agora, mais de 15 milhões de crianças perderam um ou ambos os pais por doenças associadas à sida. Calcula-se que em 2010 este número poderá chegar aos 40 milhões.
Até agora, todas as tentativas para descobrir uma vacina falharam. A decepção mais recente foi o projecto STEP, patrocinado pelos laboratórios Merck. Em 1984, o cientista Robert Gallo disse que uma solução demoraria uns dois anos…


Fonte: Notícias Sábado' 29 Novembro 2008

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